Pedro da Silva Carvalheiro – Praça

Bairro:

Parque Minas Gerais

Data:

29/12/2018

Valor:

Documento: 6.474 lei

Dados Técnicos:

Nome Atual:
Pedro da Silva Carvalheiro – Praça
Bairro
Parque Minas Gerais
Documento
6.474 lei
Data: 29/12/2018
Iniciativa: Carlos Alberto Costa Prado

Homenageado(a):

Nome:
Pedro da Silva Carvalheiro

Histórico:

No início do século passado, a Europa passava por sérios problemas causados pelas duas grandes guerras mundiais. Nessa época o Brasil recebeu uma imensa onde de imigrantes. Portugueses, espanhóis, italianos, alemães entre outros chegaram de navios, única maneira de viajar longas distâncias naquele momento. Longe do continente europeu, ainda perigoso e assolado pela guerra, os imigrantes enxergaram no Brasil uma ótima chance de empreender e prosperar.

As diferentes ondas migratórias ajudaram a moldar o país em relação à sua demografia, tiveram impactos econômicos e culturais importantes, e assim parte essencial da construção da identidade nacional. Antes das guerras, muitos europeus vieram por causa de dificuldades financeiras. Foi por volta de 1905 que o jovem casal imigrante português Joaquim da Silva Carvalheiro e sua esposa Rosa da Cruz Carvalheiro resolveram tentar a vida no novo continente. Passaram por algumas cidades até fincarem residência em Santa Cruz do Rio Pardo, interior de São Paulo. No início, Joaquim trabalhou como cortador de madeira para exportação e sitiante. A situação melhorou e com um pequeno caminhão Joaquim fazia entregas de encomendas e mercadorias dos lojistas nas cidades vizinhas. Foi nesse trabalho que percebeu a oportunidade de abrir uma empresa de ônibus de transporte de passageiros. Passou então do transporte de mercadorias para o transporte rodoviário de passageiros, que era precário e quase inexistente.

As grandes guerras e suas consequências estão diretamente relacionadas com a expansão e desenvolvimento do sistema rodoviário brasileiro, porque muitas das empresas aqui criadas foram por iniciativa de imigrantes. Tiveram eles que enfrentar obstáculos como abrir estradas, árvores no meio do caminho, ponte caída, lama, poeira, insetos, atolamentos, carros danificados, sem peças para reposição, racionamento de combustível, além de não haver regras claras sobre essa atividade. Uma saga para aqueles desbravadores dedicados e abnegados.

Joaquim e seus filhos Manoel da Silva Carvalheiro e Pedro da Silva Carvalheiro, nascido naquela cidade, foram um dos pioneiros nesse ramo na região. A empresa de ônibus deles era sediada em Santa Cruz do Rio Pardo e tinha uma frota com inúmeras Jardineiras, Catitas (antigos ônibus), garagem e oficina própria.

Seu filho Pedro da Silva Carvalheiro ao casar com Laura Domiciano de Andrade, de família ourinhense, passa a morar em Ourinhos. Pedro fica responsável pela linha especial que sai de Ourinhos para atender as cidades vizinhas, como Palmital, Platina, São Pedro do Turvo, Ibirarema, Chavantes e outras. Ourinhenses com mais de 90 anos ainda lembram com saudade do Pedro da Jardineira como uma pessoa carismática, alegre, caridosa, amorosa, elegante, engraçado e que gostava de contar histórias, segundo eles. Amigos daquela fase relembram os dias de chuva em que a Jardineira encalhava na cidade: “Era uma festa, a molecada corria para lá e ficavam em volta do Pedro, com lama até o cabelo”, ouvindo suas histórias. Os garotos maiores tinham outros interesses: “As moças mais bonitas da cidade sempre estavam com Pedro”.

Nos anos 50, a situação política no país estava muito tensa culminando com o suicídio do Presidente da República Getúlio Vargas, em agosto de 1954. Nessa época, a família de Pedro vende a empresa de ônibus, provavelmente para a Viação Garcia, que já era próspera. Lembra Zilah, 93 anos e irmã de Pedro, que pessoas da família Garcia frequentavam sua casa em Santa Cruz do Rio Pardo. Por esse motivo ela acredita que foi vendida para a família Garcia. Zilah recorda ainda que na grande crise de combustível, eles improvisaram para obter o gasogênico: gás combustível fóssil. No fundo da garagem havia grandes latões cheios de carvão que punham para queimar. Um coador enorme de tecido feito por eles, que tapava a boca do latão, produzindo pela queima o gasogênico, que abastecia as jardineiras.

Em 1930 existiam no país 2255 quilômetros de extensão de estradas de rodagem e 5917 quilômetros de estradas carroçáveis em mau estado de conservação.

Em 1955, Pedro foi com a família para São Paulo porque a gravidez de sua esposa oferecia risco de vida. O Hospital das Clínicas estava no auge e fervilhava com pacientes de todas as regiões do país. Pedro e Laura conversando com os médicos ficaram sabendo da necessidade de hospedagem para aqueles pacientes humildes que vinham do interior e de outros estados. Eles conseguem então firmar convênio com o Hospital das Clínicas, passando a cuidar e hospedar seus pacientes até receberem alta médica.

Por muitos anos a verba orçamentária para a Saúde que Hospital das Clínicas recebia era maior do que a verba da Saúde atual para o país inteiro. Carrinhos passavam pelos corredores do hospital dando lanche reforçado e café com leite quentinho para todos os enfermos que passariam por consulta, inclusive o acompanhante. Ambulâncias do HC iam até a casa de Pedro quatro vezes por dia levando e trazendo o pessoal.

Com a troca de governo, as verbas despencam e o Hospital das Clínicas deixa de pagar a estadia dos convalescentes. Pedro entra em acordo com as prefeituras do interior da sua região, que ele conhecia bem, para que mandassem seus enfermos para sua hospedagem. Por anos, algumas prefeituras muitas vezes chegavam a trazer de ambulância os mais carentes. Eram casarões antigos que ficavam afastados dos centros urbanos porque a vizinhança não queria ver a ambulância transitando, carros funerários e doentes. Uma casa modesta, sem luxo, bem cuidada e com comida fresquinha, típica do interior. O padre rezava missa no local. O casal teve onze filhos que cresceram ajudando no barbear, nos banhos, dando comida na boca dos acamados e levando para tomar sol. Os casos mais críticos tinham um local separado dos demais.

A compaixão pelos menos favorecidos e doentes sempre foi marcante no casal. Aos 60 anos, Pedro resolve trabalhar numa colônia com pacientes de hanseníase no Amazonas. Não pôde ir pela idade e, por fim, abriu uma casa ao lado do Hospital do Câncer.

Faleceu aos 72 anos de idade, deixando muita saudade a seus familiares e amigos.

Galeria de Fotos: